Projeto temático FAPESP

Título: A relevância dos pequenos corpos em dinâmica orbital
Processo 2016/24561-0
Responsável: Othon Cabo Winter
Vigência: 01/09/2017 – 31/08/2022
Instituição Sede: UNESP – Universidade Estadual Paulista – Campus de Guaratinguetá
Contatos: tel. (12) 3123-2848 email: othon.winter@unesp.br

A relevância dos pequenos corpos em dinâmica orbital

Resumo

Em dinâmica orbital, pequenos corpos são aqueles que hierarquicamente possuem tamanho muito inferior a pelo menos um dos outros corpos (chamados de primários) do sistema que fazem parte. Um caso muito comum em astronáutica é o de uma sonda espacial viajando dentro do sistema composto por Sol, Terra e Lua, por exemplo. Este tipo de característica faz com que a dinâmica do sistema possua algumas peculiaridades. Uma delas é o fato do pequeno corpo, em geral, não afetar significativamente a evolução orbital dos primários. Porém, se houver uma quantidade expressiva de pequenos corpos interagindo com um corpo primário, pode ocorrer um efeito acumulativo de troca de momento angular fazendo com que o primário sofra alterações orbitais significativas. No caso de interações gravitacionais entre pequenos corpos pode ocorrer uma variedade de resultados, dependendo dos parâmetros físicos e dinâmicos destes corpos. Dentre as possibilidades está a colisão entre os corpos, que pode resultar em fragmentação e/ou acresção dos corpos envolvidos. Outra possibilidade é o espalhamento desses corpos, resultando em expressivas mudanças orbitais de ambos. Em dinâmica orbital é bastante comum o estudo de coletivos de pequenos corpos. Isto se aplica a constelações de satélites, satélites em formação (formation flight), nuvens de detritos espaciais, famílias de satélites irregulares, discos proto-planetários e anéis planetários, por exemplo. Neste projeto serão realizados estudos que envolvam desde a questão de fundamentos, como o fenômeno de colisão e o desenvolvimento do potencial gravitacional de pequenos corpos (que, em geral, são bastante irregulares), passando por estudos da evolução orbital de pequenos corpos sujeitos a diferentes forças perturbativas, até as mais variadas e relevantes aplicações em astrodinâmica (evolução orbital de satélites artificiais e sondas espaciais, manobras orbitais, evolução de nuvens de detritos espaciais, missões espaciais para a exploração de asteroides, entre outras) e em dinâmica planetária (origem e formação de sistemas planetários, de famílias de satélites irregulares, de grupos de asteroides, e evolução orbital de sistemas de anéis planetários e de discos proto-planetários, entre outras). Este projeto está estruturado em quatro partes interconectadas que são classificadas como: a) potencial gravitacional, órbitas periódicas e regiões de estabilidade; b) colisão, fragmentação e acresção; c) manobras orbitais e formação em voo; d) nuvens, anéis e discos. Cada uma destas quatro partes do projeto será desenvolvida por pelo menos três dos cinco pesquisadores principais, além de colaboradores (pesquisadores e estudantes). As partes serão todas desenvolvidas simultaneamente, existindo conexões diretas entre elas. Em especial, os estudos a serem desenvolvidos nas partes denominadas a) potencial gravitacional, órbitas periódicas e regiões de estabilidade e b) colisão, fragmentação e acresção serão aplicados nas outras duas partes e receberão “inputs” dessas partes ao longo dos seus desenvolvimentos. Por exemplo, o fenômeno da colisão é uma questão básica nos estudos de geração e evolução de detritos orbitais, bem como nos estudos de formação planetária. No caso do potencial gravitacional de corpos irregulares, o desenvolvimento destes potenciais será fundamental nos estudos de evolução orbital e manobras de sondas para explorarem estes corpos, bem como, nos estudos de evolução orbital de satélites naturais e partículas que estejam ao redor deles. A maioria dos problemas a serem estudados serão precedidos ou seguidos por uma abordagem de sistemas dinâmicos, analisando a existência de pontos de equilíbrio, órbitas periódicas e regiões de estabilidade. Em particular a ocorrência do fenômeno de ressonâncias será explorada em vários dos subprojetos. (AU)

On the relevance of small bodies in orbital dynamics

Abstract

In orbital dynamics, minor bodies are those that have size (and mass) much smaller than at least one of the other bodies (called primaries) of the system that belong to. One case very common in astronautics is the case of a spacecraft traveling within the Sun-Earth-Moon system. This kind of characteristic makes the dynamics of the system to present some peculiarities. One of them is the fact that the minor body, in general, does not significantly affect the orbital evolution of the primaries. However, in the case of having an expressive amount of minor bodies interacting with a primary body, an accumulative effect of the angular momentum exchange occurs, leading the primary body to significant orbital changes (orbital migrations). In the case of gravitational interactions between minor bodies, there can happen a variety of different outcomes, depending on physical and dynamical parameters of these bodies. Among the possibilities of outcomes is the collision between the bodies, which can result in fragmentation and/or accretion of the bodies involved. Other possibility is the scattering of these bodies, resulting in expressive orbital changes for both of them. In orbital dynamics there are many fields of study based on collective of minor bodies. This apply to satellite constellations, formation flight, clouds of space debris, families of irregular satellites, proto-planetary discs and planetary rings, for example. In this project will be developed studies that tackle from the question of fundamentals, as the phenomenon of collision and the development of gravitational potential of minor bodies (which, in general, are highly irregular), up to the most varied and relevant applications in astronautics (orbital evolution of satellites and spacecrafts, orbital maneuvers, evolution of space debris clouds, space missions to explore asteroids, etc) and planetary dynamics (origin and formation of planetary systems, of families of irregular satellites, of groups of asteroids, orbital evolution of planetary rings systems, etc). The project is structured in four interconnected parts classified as: A) Gravitational Potential, Periodic Orbits and Stable Regions; B) Collision, Fragmentation and Accretion; C) Orbital Maneuvers; D) Clouds, Rings and Discs. Each one of the four parts of the project will be developed by at least three of the five main researchers, together with other collaborators (researchers and students). All parts will be developed simultaneously, existing direct connections among them. In special, the studies to be developed in parts (A) Gravitational Potential, Periodic Orbits and Stable Regions, and B) Collision, Fragmentation and Accretion will be applied in the other two parts and will receive inputs from them along their developments. For example, collision is a basic question in the generation and evolution of space debris, as well as, in the studies of planetary formation and formation of families of irregular planetary satellites. In the case of the gravitational potential of irregular bodies, the development of these potentials will be fundamental in the studies of the orbital evolution and maneuvers of spacecraft exploring these bodies, as well as, in the studies of natural satellites and particles that orbit around them. Most of the problems to be studied will be preceded by or followed by a dynamical systems approach, analyzing the existence of equilibrium points, periodic orbits and stable regions. In particular, the occurrence of the resonance phenomena will be explored in many of the sub-projects.

Anexos 2018
Anexos 2019